Ensino: Problemas Complexos ou Alunos Comunistas?




Toda denúncia carrega consigo a obrigatoriedade da reflexão, investigação e a possibilidade de melhoramento. A revista VEJA, no Especial Educação, publicada em 20 de agosto de 2008, denuncia o que diz ser a realidade: “o sistema de ensino no Brasil é medíocre”.

A partir de uma pesquisa encomendada a CNT, a reportagem delata que as escolas, considerando as de ensino particular, não preparam nossos filhos para o século XXI. Revela, ainda, que desconhecemos as circunstâncias atuais de nosso ensino, que comparado aos americanos somos incapazes e que nossos educadores são atrasados e, de forma arrogante e prepotente, desdenha da figura do já tão desacreditado Professor.

Incutir ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas é o crime cometido por esses professores, que, além de adotarem livros didáticos aprovados pelo MEC, tendenciam esquerdizar a cabeça das crianças. Chocam-se, as autoras da dita reportagem, com a popularidade do revolucionário Che-Guevara, com a citação do nome Hugo Chavez nas salas de aula, questionam os livros adotados que falam mal do FHC e abominam os que bem tratam o Lula, e se não trágico seria cômico, expõem o placar da popularidade Paulo Freire versus Albert Einstein, 29 x 6. Esqueceram-se somente de citar, se não me fugiu na leitura, o mito dos comunistas comedores de criancinhas.

As pessoas para se tornarem interessantes e sustentarem a atenção do interlocutor nos tempos atuais, aqui me fundamento em meu exemplo, pois não tenho paciência para tratar com alienados, precisam ter opinião, posicionamento e deixarem claro a que vieram, principalmente em temas como história e geografia. Os professores e casos citados são criticados justamente pela sua face mais interessante, as suas crenças baseadas em seus conhecimentos e discernimentos.

Os nossos jovens não são, como insinua a revista VEJA, seres incapazes de formular opiniões próprias. São seres com capacidade crítica, criados num mundo, hoje, farto de informações e plenamente comunicativo. Logo o perigo temido pela revista é infundado, não são os professores os ídolos dos alunos, aquele ao qual se espelham. Não são, os jovens, bonecos que possam, os docentes, transformar em um exército comunista a marchar empenhando bandeiras vermelhas, foices ou estrelas no peito.
Não podemos, claro, ou melhor, não devemos permitir que declarem que não temos problemas no nosso ensino, mas a educação é muito mais complexa do que o acusado e para tratar de educação é necessário que, fazendo uso da mesma, englobemos toda essa complexidade visando soluções para as falhas mais relevantes.

A educação não alcançou o seu melhor, mas tenho certeza e, estudante jovem que fui e mãe de estudante que sou, afirmo com convicção, que melhorou muito. O ensino em escolas particulares está em progresso tenaz. Nas escolas públicas, essa verdade só não é possível em razão dos problemas de cunho sociais e econômicos que enfrentamos, mas não teria eu porquê estar novamente em uma sala de aula, se não fosse a crença em nosso futuro e a vontade de contribuir para o seu desenvolvimento. Não basta denunciar, tem que colaborar, pois toda a denuncia carrega consigo a obrigatoriedade da reflexão, investigação e a possibilidade de melhoramento.


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