WIKIPÉDIA: A Nova Esquerda (New Left em inglês) é um termo utilizado para se referir aos movimentos políticos de esquerda surgidos em vários países a partir da década de 1960. Eles se diferenciam dos movimentos esquerdistas anteriores que haviam sido mais orientados para um ativismo trabalhista, e adotam uma definição de ativismo político mais ampla, comumente chamada de ativismo social. Nos Estados Unidos, a Nova Esquerda está associada com a movimentos populares, como o Hippie, os de protesto à Guerra do Vietnã e pelos direitos civis, que visavam acabar com a opressão de classe, gênero sexual, raça e sexualidade. Na Europa, a Nova Esquerda foi um movimento intelectualmente dirigido, que buscava corrigir os erros dos antigos partidos de esquerda no período do pós-Guerra. O movimento começou a perder força na década de 1970, quando ativitas ou se engajavam em projetos partidários, desenvolviam organizações de justiça social ou se tornaram inativos no movimento.
O ex-Beatle John Lennon também exerceu grande influência no movimento, foi investigado pelo FBI por causa de suas ideologias políticas. Através de sua influência, lutava pelo fim da Guerra do Vietnã e também forçava a derrota de Richard Nixon nas eleições de 1972, em razão disso quase foi deportado.
Ao invés de se focar na economia, a Nova Esquerda voltou a atenção para a cultura ocidental tratando de temas como raça, gênero, sexualidade e elitismo tanto quanto do papel econômico do conceito de classe. Como muitos dos que eram estudantes nos anos 60 agora dirigem as instituições as quais haviam se oposto, suas visões - às vezes chamadas de politicamente corretas - se tornaram a ortodoxia. Esta hegemonia foi desafiada no que foi descrito como guerras de cultura por aqueles que rejeitam o equalitarismo radical e defendem a existência de padrões objetivos de excelência.
Influências:
Albert Camus; Antonio Gramsci; Charles Wright Mills; Che Guevara; Escola de Frankfurt; Frantz Fanon; George Orwell; Guy Debord; Henri Lefebvre; Herbert Marcuse; Ho Chi Minh; Jean-Paul Sartre; Leon Trótski; Malcolm X; Mao Zedong; Rosa Luxemburgo; Vladimir Lênin.
Principais Figuras:
André Gorz; Angela Davis; Daniel Cohn-Bendit; David Horowitz; Edward Palmer Thompson; Jane Fonda; John Lennon; Louis Althusser ;Luís Inácio Lula da Silva; Michel Foucault; Murray Bookchin; Noam Chomsky; Perry Anderson; Raymond Williams; Régis Debray; Salvador Allende; Tariq Ali; Ulrike Meinhof
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QUINTA LIÇÃO
FORMAÇÕES INTELECTUAIS: A NOVA ESQUERADA
New Left foi, então, um movimento que, a partir do final dos anos 50, reuniu diversos intelectuais e artistas em torno de novas formas de pensar e fazer política. Entender esse movimento é relevante, pois constitui a base sócio-histórica dos Estudos Culturais. Maria Elisa Cevasco, em seu livro Dez Lições sobre Estudos Culturais, dedica a Quinta Lição ao movimento, tamanha sua importância para a formação desses estudos.
Segundo Williams “não se pode entender um projeto artístico ou intelectual sem entender também sua formação” (apud CEVASCO, 2003, p.81).
A crise de 1956 veio colocar um ponto final nessa cultura comunista e abrir espaço para a continuação de sua contribuição intelectual no interior de uma nova esquerda que não se alinhava em Moscou. Raymond Williams lembra que o movimento surgiu de uma “crise de relações em meio a uma crise de mudanças”.
1956:
Quebra de fé na União soviética pelas atrocidades stanilistas e a invasão da Hungria.
O partido comunista perde um terço de seus membros.
A partir de então um engajamento com o marxismo nunca mais levará necessariamente ao estabelecimento de uma relação com o Partido Comunista (p. 83).
Invasão do Canal de Suez (outubro 56). Marcha anti imperialismo tomam as ruas de Londres.
Nesse momento de mudanças pelo menos um novo aspecto estava claro: era preciso encontrar uma nova direção para o pensamento de esquerda, as direções antigas se demonstraram incapazes de levar a sociedade a um estágio mais humano.
Nesse quadro ficou evidente a necessidade de pensar novas bases para a mudança e para uma interpretação socialista do mundo. Esta a tarefa que se coloca a Nww left. Em primeira instância, era um movimento que surgiu – nas palavras de Perry Anderson, também um membro destacado de sua segunda geração – a partir de uma dupla recusa: “ser da New Left significa ser contra o que os russos estavam fazendo na Hungria, mas também ser contra o que os governos britânicos e franceses estavam fazendo no Egito”.(CEVASCO, 2003, p.85)
A New Left reunia, então, intelectuais de varias áreas - uma nova geração que regia a herança intelectual anterior, marcando uma ruptura com muitas de suas convicções e aspirações.
Sua primeira atuação foi a campanha do desarmamento nuclear cujas ações mais visíveis eram as marchas de Aldermaston. A de 61 reuniu 150 mil participantes.
A área de atuação mais duradoura da New Left foi na esfera da cultura. O marxismo britânico se insere de vez na corrente do marxismo ocidental:
Uma geração de intelectuais que, em vários países, se dedicou a explicar o funcionamento do capitalismo não mais preponderantemente do ângulo econômico e político, mas do ângulo da cultura: trata-se de um marxismo que não desistiu de mudar a organização da sociedade, mas que se viu historicamente obrigado a explicar um mundo onde as alianças com os movimentos de massa ficam cada vez mais complicadas. Trata-se de um mundo que assiste à mudança do estatuto da cultura, que sai da esfera espiritual e passa de vez a fazer parte do cotidiano das pessoas, com a proliferação dos meios de comunicação em massa. ”.(CEVASCO, 2003, p.87)
Uma das grandes contribuições da New Left seria a tentativa, por meio do programa materialista, compreender a realidade da experiência d vida sob o capitalismo na sua feição britânica.
Na década de 60, a fim de formar outros socialistas, criaram-se os New Left Clubs onde reunidos discutiam políca e dissiminavam as artes:
Literatura: Angry Young Men – geração de escritores que vai mudar o tom moderado da literatura inglesa.
Cinema: Free Cinema (desenvolvido por Lindsay Anderson); New drama (Arnold Wesker).
Música: Eric Hobsbawm, historiador que reescreveu a história britânica e escrveu a História social do jazz.
Educação: Williams, Thompson e Hall, educação de trabalhadores.
Em 1960 a Revista de Thompsom, a New Reasoner, funde-se com a Left Review para forma a New Left Review - cujo primeiro editor foi Stuart Hall –que ainda hoje é um fórum de discussões e debate de ideias marxistas.
Em 1962 Perry Anderson, com 22 anos, assume a direção da revista. Raymond Williams contribui com a revista até 1988, ano de sua morte.
Uma das realizações da revista é a renovação do marxismo nacional por meio de traduções e discussões das obras do marxismo ocidental – Lukács, Gramsci, Brecht, a escola de Frankfurt, Sartre o marxismo Frances, entre outros.
O surgimento de uma cultura de esquerda “destrancou os portões da Europa” e transformou a Grã-Bretanha em um centro internacional de discussão de esquerda.
Esse fermento intelectual tornaria possível a expansão dos estudos Culturais.
Em sua ênfase no estudo de uma sociedade por meio de seus produtos culturais e muito especialmente de seus textos, guarda marcas de sua origem nos estudo literários, disciplina cuja origem tem figuras centrais do projeto, como Raymond Williams e Hoggart. Sua insistência em estudar textos e demais formas de expressão cultural como instrumento de conhecimento das estruturas sociais e das maneiras possíveis de mudá-las é marca de suas raízes no marxismo ocidental [...]. Seu interesse pelo marginal, pelo o que é deixado de lado pelo dominante, é marca de sua filiação social. (CEVASCO, 2003, p. 95)
Os estudos culturais então desenvolveram uma relação constante e conflituosa com o marxismo, tão próxima que seria possível, na descrição divertida de Stuart Hall, “gritar com ele”. (p. 86)
Thompson desenvolveu seu trabalho numa posição de humanismo socialista, com ênfase antes na agencia humana do que nas estruturas sociais que a determinam.
Williams desenvolveu sua teoria marxista da cultura, o materialismo cultural.
Perry Anderson é o articulador da nova geração.
O lado negativo dos estudos culturais, no entanto é justamente a sua culturalização, ou seja, o fato de supervalorizar o cultural em detrimento do político.
Arquivo Cultura de Travesseiro
Quarta Lição - A Formação dos Estudos Culturais - Maria Elisa Cevasco
Industria Cultural e Sociedade - Theodor Adorno
Desfiando a Teoria: Ensaiando a Linguagem
Bakhtin e Bourdieu
As ideias linguísticas do Círculo de Bakhtin,
Angelus Novus - Walter Benjamin
A Literatura como Precursora dos Novos Modos de Ler e Escrever
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