Cordilheira - Daniel Galera


   
O romance Cordilheira, de Daniel Galera, apresenta características bastante comuns nas produções dos escritores da literatura contemporânea. De acordo com Beatriz Resende (2008), a geração surgida a partir da segunda metade da década de 1990 e início do século XXI coloca a literatura em sintonia com os tempos contemporâneos, tratando de novas subjetividades, da tensão entre o local e o global, da desterritorialização e do fim da barreira entre a considerada alta cultura e a cultura de massa. É uma literatura marcada pela multiplicidade de temas, formatos, linguagens e suportes. As narrativas de Amores Expressos, aqui representada pelo romance Cordilheira, reafirmam a preocupação obsessiva com o presente, a manifestação de uma urgência e o retorno do trágico, apontados por Resende (2008, p.27) como traços característicos da produção dessa geração. A vida urbana na metrópole quase sempre hostil e desesperançada retrata um presente imediato, fugaz, líquido e solitário, em que as antigas formas que faziam os sujeitos criarem raízes em suas pátrias são substituídas por um individualismo desconcertante de sujeitos perdidos e em constantes crises identitárias: “Essas ruas não me reprovavam. Era pior. Elas me ignoravam” (GALERA, 2008, p.64).  Podemos observar tais sentimentos no perfil psicológico da protagonista Anita e das personagens que a cercam, em Cordilheira. Também se repara isso nas ideias, decisões e comportamentos da personagem que se lança a outras terras em busca e fuga de si, assim como nas perturbações vividas por seus novos amigos em terras estrangeiras, que constroem suas vidas numa mistura de ficção e realidade.

     Cordilheira é uma metanarrativa. Reflete sobre vida e arte, realidade e ficção e, concomitantemente, revela ao leitor um pouco das complexas relações existentes “por detrás dos bastidores” do campo literário. Retrata, num primeiro plano, as angústias de uma escritora em meio aos dilemas da vida contemporânea, ao tempo que tem como pano de fundo a reflexão sobre o mundo das artes e das engrenagens que movimentam o sistema literário.

     A história supõe um deslocamento físico, o que faz parte do projeto literário da coleção - no caso, o deslocamento é tanto do autor quanto da personagem uma vez que ambos se deslocam em função das suas aventuras literárias, dentro e fora da ficção. Além disso, temos o deslocamento de gênero: a protagonista do romance de Galera pertence ao universo feminino, o que é assim explicado pelo autor: “Tive vontade de desenvolver uma protagonista mulher, porque as mulheres modernas me parecem bem mais interessantes e complexas do que os homens”. Tal preferência, um escritor se lançar a representar as complexidades características do gênero feminino, mesmo que não seja inovador, chamou a atenção do escritor e crítico literário Carlos André Moreira, do jornal Zero HoraO livro tem a qualidade de apresentar uma voz feminina crível, delineada com sensibilidade. Está na figura de Anita a chave do que o romance tem de melhor, uma personalidade complexa, com desejos conflitantes e que refletem à perfeição um dos temas centrais da obra de Galera até agora, a falta de um sentido para uma geração jovem sem interesse em cumprir as expectativas alheias, algo que já se via em Até o Dia em que o Cão Morreu e em Mãos de Cavalo.[1] 

O romance é, em grande parte, narrado em primeira pessoa pela protagonista, salvo pelos capítulos de abertura ”Como água” e o de fechamento “Fique para sempre”, que fazem às vezes de moldura da história principal, intitulada “Mamihlapinatapai”[2]. No primeiro capítulo, um narrador em terceira pessoa relata uma cena aparentemente trivial entre a jornalista recém-formada Anita “que pensava apenas no livro que vinha escrevendo” e seu pai que, de saída, atrasado para encontrar-se com amigos, demora-se a observar a filha. Com os recursos próprios da onisciência do narrador são revelados ao leitor características da personagem que protagonizará a história. 

     Anita fora criada pelo pai que, “amando-a não apenas mais do que qualquer coisa no mundo, mas amando-a por dois”, observa a filha à soleira da porta do quarto e sente “uma certa sensação de dever cumprido” (2008, p.10). Enquanto escova os “longos cabelos negros” Anita percebe a presença do pai, ao que diz: “Lembra quando você penteava meu cabelo? [...] Quer fazer isso?” (2008, p.10). O pai, segurando os cabelos, que “eram como água”, questiona-se “se ela lembrava mesmo”, refletindo sobre o “passado que tinha acabado de acontecer” (2008, p.11). A referência à água que se percebe no primeiro capítulo, e que acompanha toda a narrativa, está articulada à primeira epígrafe inscrita nas páginas que antecedem o capítulo:

I dream some nights of a funny sea,
As soft as a newly born baby
It cries for me pitifully!
And I five for my child with a wildness in me,
And am so sweetly there received
Joanna Newsom, “Colleen” (GALERA, 2008, p.5).


O fragmento da canção da jovem harpista norte-americana Joanna Newsom serve de introdução referencial a um dos temas que orienta o romance, a maternidade ansiada pela personagem como saída para o impasse existencial. Ao mesmo tempo, é instrutivo de certa atmosfera aquosa que permeia o texto, uma vez que água é elemento recorrente desde o primeiro capítulo, aparecendo acentuadamente no último capítulo do romance escrito por Anita - “Descrições da chuva” (2008, p.40-47) - recitado no evento de lançamento do livro na Argentina, até a cena em que descalços e molhados sob a chuva no terraço de um edifício paulista, Anita e Danilo encerram a narrativa de Cordilheira, unindo uma ponta à outra da narração, margeada pela liquidez. Poderíamos ainda fazer uma relação da aquosidade que perpassa o romance com o líquido amniótico, água primordial que possibilita a vida, expresso na descrição de um sonho de Anita (logo após a primeira relação sexual com Holden), em que ela, com um filho nos braços, salta de um penhasco de encontro ao mar revolto, em um dia de chuva forte (2008, p.81). Os versos de Newsom transcritos na epígrafe encontram aqui sua evidente referência, visto que a canção fala de um sonho com um mar ao som do choro de um recém-nascido. 

O capítulo principal se passa em Buenos Aires, mas não faz dessa localização um elemento central de sua narrativa, mesclando lugares como São Paulo e Santa Catarina.  Anita von der Goltz Vianna é uma escritora, formada em jornalismo,  filha de uma professora de história que morreu no parto de Anita, e cuja “fome de livros fez com que acumulasse uns mil volumes em seus vinte e sete anos de existência” (2008, p.53).  A escolha de Anita em tornar-se escritora parece vir da paixão da mãe pelos livros, uma vez que o pai os guardara como uma espécie de monumento em memória à esposa e a estante cheia de livros, “a muralha de textos”, exercia fascínio sobre a personagem desde a infância. A protagonista encontrou na leitura e no manuseio dos livros deixados pela mãe uma maneira de conhecer um pouco da mulher que lhe dera a vida em troca da sua: “muitos estavam sublinhados à régua e anotados com a caligrafia miúda e precisa de minha mãe [...] eu abria um livro atrás do outro somente para investigar aquelas inscrições” (2008, p.53). O pai da protagonista morreu em um acidente de carro ao sair embriagado do último de seus encontros semanais com os amigos de pôquer. Anita, à época do acidente, ainda trabalhava na produção de seu livro, o que parece contribuir com o assumido desprezo que cultiva pela sua própria criação.

            Anita começou a escrever seu livro aos 23 anos e o publicou aos 25 anos, por uma editora de renome. O livro fora bem recebido pela crítica e pelo público, o que lhe garantiu um lugar na assim chamada "cena literária", mas um lugar que a própria Anita não quer mais ocupar: “para mim o romance estava enterrado junto com meus pais. Conheci Danilo, nos apaixonamos, ele me adotou. Tudo que eu estava pedindo da vida agora era uma família” (2008, p.55).  Anita, já com 27 anos, mora em São Paulo com o namorado Danilo e não mais se vê como escritora e sim como futura mãe, sonho que se torna obsessivo e conflitante nos tempos em que vive. Podemos perceber que as ideias expostas nos diálogos travados sobre a vontade de Anita de gerar um filho descortina o tecido da sociedade pós-moderna e os conflitos de ideias daí gerados. Anita vive em meio ao anseio, e certa necessidade, de constituir uma família nos moldes tradicionais, mas Danilo, o namorado, sequer concebe a ideia de tornar-se pai, e entre suas amigas “também não encontrava muita compreensão”:

[...] ele julgava inconcebível que eu desejasse ter filhos e ao tratarmos do assunto me encarava como se eu fosse uma mutação genética, uma louca ou uma donzela do passado que tinha acabado de viajar para o futuro e pousado no tapete fofinho do estúdio do apartamento dele. (GALERA, 2008, p.17)
- Filhos. Ah. Na boa, eu só quero ter filhos quando tiver certeza de que minha vida está arrumada. Não quero descontar meus traumas e frustrações nos meus filhos. Antes disso, preciso ficar resolvida, independente. Queria ter filhos com cinquenta, sessenta anos. Acho que vai ser possível até lá, a medicina tá resolvendo tudo. Agora, tu, Anita? Faz favor né guria.
- Qual o problema, porra?
- Ah, não sei. – E aí ela me olhou de cima a baixo, como se não me conhecesse. – Sei lá, o mundo tá aí, tanta coisa e tu nessa pilha aí.  (GALERA, 2008, p.21)
           
Anita tem por companheiras quatro amigas, “a turma AJAX”: Anita, Julie, Amanda e Xanda (2008, p.21). Quatro mulheres cuja palavra “independência” julgam ser o seu principal substantivo. Personagens femininas de aparente estabilidade, resolvidas quanto ao papel que desempenham na sociedade contemporânea, porém vítimas de anseios e estranhezas subjetivas que não sabem como administrar.  Julie, a amiga mais antiga de Anita, é filha de família francesa radicada no Brasil desde a infância. Bailarina profissional, “dava wokshops de dança moderna que eram disputados a tapa” e, aos olhos de Anita, ela “era uma mulher mais feliz que a média”. Suas convicções em relação ao sexo eram bastante contundentes: “Julie não se apegava aos homens, e o sexo para ela era, sobretudo, uma questão de vaidade. Cada homem comido não passava de uma afirmação de sua beleza e elegância de movimento [...]” (2008, p.19). Amanda era gaúcha de Torres, mudara-se para Porto Alegre para estudar história, abandonando a faculdade para estudar oceanografia em Florianópolis, curso que também abandonou para trabalhar em uma ONG que promovia a “permacultura” em São Paulo: “um conceito de moradias e sistemas produtivos autossustentáveis, em integração total com a natureza” (2008, p.20). Tinha um namorado que vivia em uma ecovila em Ubatuba e, apesar de suas recorrências a um tema bastante caro à contemporaneidade, “suas convicções ecológicas eram meio superficiais, como tudo em sua vida” (2008, p.20). Alexandra era a mais velha das quatro, tinha 30 anos, uma carreira bem sucedida como repórter de uma revista semanal e tinha uma vida social bastante agitada com “o celular tocando sem parar”. Apesar de sua aparente estabilidade e confiança, o que poderia nos levar ao sinônimo de completude, “dentro dela havia um espaço vazio” que deixava transparecer, levando Anita a revelar que “tinha medo de tocar em Alexandra porque parecia que ela ia desfarelar” (2008, p.22).

             Assim eram, podemos inferir, por trás das aparentes personalidades bem estruturadas, as quatro personagens femininas, prestes a “desfarelar”. Pessoas confusas, perdidas em um turbilhão de ânsias e medos, desamparadas entre contradições culturais desordenadas que ora pregam a tradição, ora a novidade. Sujeitos solitários que sofrem as penas do “mal do século”, a depressão. Não sabem como lidar com “sua dose eventual de vazio e angústia” e a forma com que administram tais sentimentos, sintomas dos tempos contemporâneos, é dourando a pílula, ao que parece, literalmente: Julie tenta se matar tomando quinze comprimidos de Clonotril; Alexandra, aos 28 anos enfrenta uma depressão e “precisou de muita psicoterapia e Paroxetina para sair do buraco” (2008, p.22) e, um tempo depois, “pulou da sacada de seu flat no nono andar e morreu na hora” (2008, p.27); Anita, a protagonista, sofre de transtorno do pânico desde a morte do pai e toma Sertralina “para combater a ansiedade”, mas sente necessidade de parar de tomar as pílulas e de livrar a mente, “por mais fodida que estivesse, de todos os filtros e regulagens” (2008, p.29).

            Anita é a personificação de sujeitos deslocados, que veem se desfazer seus vínculos afetivos com a terra natal e, marcados por um sentimento de não pertencimento a qualquer espaço, a qualquer esfera de identidade palpável  buscam um lugar mais habitável, no caso, Buenos Aires. A viagem pode ser interpretada como tentativa de fuga ou negação de uma realidade de frustrações, ainda que se saiba que o passado, as experiências, a história do indivíduo não está registrada na geografia, acompanha-os.
Anita, consequência do precipitado sucesso como escritora, recebe convite para o lançamento da edição argentina de seu romance e, dado o fim do relacionamento com o namorado (que se nega a fazer parte de seu plano maternal), somado ao suicídio da amiga, aceita o convite e parte para Buenos Aires, ainda que seja uma escritora em crise. Anita se sente desconfortável não só com o romance que produzira - e o notório sucesso que obtivera - e com o qual não mais se identifica, como com todas as obrigações que acompanham o êxito: o cortejo, a fama, as entrevistas, os eventos literários, as exposições e o contato com o público. Embora o romance tenha lhe proporcionado a oportuna viagem, sua produção, assim como o reconhecimento enquanto escritora, não é a força que a impulsiona na aventura.

Em Cordilheira, Galera explora drama comum a muitos escritores: onde começa a ficção e onde termina a realidade. No romance, um grupo de escritores subverte a lógica e passa a viver os personagens das suas obras. A singularidade desse grupo, a partir da qual se desenrola a reflexão sobre realidade/ficção, autor/personagem, inspiração/experiência está anunciada na segunda epígrafe, seguida à canção de Joanna Newsom, de abertura do romance:

Imaginar o inexistente é um ato de paixão pela vida, mas viver o imaginado requer um amor duradouro e sobretudo, um compromisso.
Júpter Irrisari, Personajes. (GALERA, 2008, p.5).

A epígrafe faz referência ao escritor guatemalteco Jupiter Irrisari que ficou conhecido por conceber e pôr em prática a ideia de transformar-se nos personagens que criava. Daí a natureza da ideia do grupo argentino de Cordilheira ao qual Anita se aproxima, além da aproximação entre a natureza da narrativa de ficção e a dos jogos de interpretação de personagens conhecidos pela sigla RPG[3]. Daniel Galera escreveu para o blog da editora Cosac Naify [4]uma breve resenha sobre Irrisari, resultado de suas pesquisas e leituras, matéria-prima para a construção de sua narrativa:

Los Títeres e a Acéphale - Daniel Galera

Morto na cadeia em 1943, com cerca de trinta e cinco anos, em circunstâncias nunca esclarecidas, o escritor guatemalteco Jupiter Irrisari ficou conhecido em alguns círculos literários da sua época por conceber e pôr em prática a radical agenda estética — exposta no raro volume Personajes, edição artesanal de 1931 — de transformar-se nos personagens que criava. A sociedade que liderou, Los Títeres, incluiu os obscuros compatriotas Manolo Godoy, Lucy Longo Chacón e Denni Mejicanos, todos, supostamente, engajados a partir de algum momento na encarnação real de seus personagens literários. Suspeita-se da existência de uma conexão de Los Títeres com a Acéphale, a revista e sociedade esotérica secreta liderada por Georges Bataille na França entre 1936 e 1939, da qual participaram, entre outros, Roger Caillois, Jean Wahl, Pierre Klossowski e o pintor André Masson. Pelo menos um biógrafo do autor francês acredita que um encontro de Irrisari e Bataille na Espanha foi o estopim do rompimento do segundo com André Breton e os surrealistas. As atividades da Acéphale, mantidas secretas até hoje por juramento, seriam uma extensão da “realidade ficcional” dos Títeres guatemaltecos, porém investida de um caráter esotérico. Em seu artigo A Conjuração Sagrada, publicada na primeira edição da Acéphale, Bataille escreveu: “Secretamente ou não (…) é necessário tornar-se diferente ou então deixar de existir”.

 Como suscitado por Raymond Williams, a “formação intelectual” apresenta-se como matéria relevante para os estudos de abordagens socioculturais, sobretudo estudos literários, pois a partir das características e singularidades dessas agremiações muito se desvela sobre a literatura daí produzida, os pontos de vista dos autores inseridos nessa realidade social e o “caráter das contribuições culturais, intelectuais e artísticas” (WILLIAMS, 2011b, p.222) dessas formações.  O grupo de escritores argentinos de Cordilheira, por exemplo, muito desvela sobre a história que se desenrola a partir do envolvimento de Anita com um de seus integrantes, Holden.

Holden, cujas obsessões eram seitas secretas, movimentos literários de dissidentes surrealistas e um escritor guatemalteco do início do século XX chamado Jupiter Irrisari. Holden tinha dois livros desse autor em casa, de acordo com ele os únicos que se podiam encontrar. Mas o essencial em Irrisari, de acordo com Holden, não foram os livros que publicou, e sim o caminho que seguiu a partir de certo ponto de sua carreira: parou de escrever histórias e passou a vivê-las.
- Irrisari concebia personagens, traçava alguns elementos básicos de sua história e os incorporava. (GALERA, 2008, p.95).

 À medida que se envolve com o homem misterioso e conhece a vida dele - e de seu sombrio grupo de amigos, sujeitos integrantes de uma confraria de autores-personagens, Anita percebe que Holden, personagem cujo nome nos remete ao clássico O apanhador no campo de centeio, de J. D Salinger, pode ser útil em sua obsessão pela maternidade — assim como ela pode vir a ser útil para ele em um plano um tanto doentio, ligado à finitude da existência da personagem que lhe empresta a vida.

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Texto originalmente publicado in: OLIVEIRA, Angela Francisca Mendez de. Atuação cultural de jovens escritores na cena literária de Porto Alegre: o caso Daniel Galera. 2013. 125f. Dissertação (Mestrado em Letras) UniRitter,  Porto Alegre, 2013. 



[1] MOREIRA, Carlos André. Cruzando a Cordilheira. In: Jornal Zero Hora. Porto Alegre, 24 de outubro 2008. Disponível em: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&post=116105&blog=31&coldir=1&topo=3951.dwt  Acesso em: jun. 2012.

[2] uma palavra da Língua Yagan, da Terra do Fogo, listada no Guiness Book como a palavra mais sucinta. Ela descreve "um olhar trocado entre duas pessoas no qual cada uma espera que a outra tome a iniciativa de algo que os dois desejam, mas nenhuma quer começar. (Fonte: Wikpédia)

[3] Role-playing game (“jogo de interpretação de personagens”), conhecido como RPG, surgiu em 1974, nos Estados Unidos. O Jogo dá-se através de fichas e objetos de cena e os jogadores interpretam seus personagens.  Nos últimos anos outras formas midiáticas proliferaram rapidamente, como a de atividades para computador e videogames. Os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente; um deles desempenha o papel de narrador, sendo o responsável pelo desenvolvimento da história, podendo alterar, inclusive o andamento da narrativa durante a representação. Cada personagem deve ser interpretado pelos jogadores, assim como fazem os atores, ou os personagens do grupo de Holden, criados por Galera, inspirados em Irisari. O progresso de um jogo se dá de acordo com um sistema de regras pré-determinado, permitindo aos jogadores improvisar livremente: “são as suas escolhas que determinam a direção que o jogo irá tomar”. Os jogos de RPG são tipicamente mais colaborativos e sociais do que competitivos, já que congregam os seus participantes como em um grupo coeso em função de uma ideia ou objetivo, por isso um RPG raramente tem ganhadores ou perdedores, o que o torna fundamentalmente diferente de qualquer outro tipo de “jogo social”. Informações disponíveis em: . Acesso em: set. 2012.

[4] A editora Cosac Naify, a partir da reedição do livro História abreviada da literatura portátil (1985 – 2011), do autor catalão Henrique Vila-Mata, propôs a escritores brasileiros que escrevessem sobre sociedades ou grupos intelectuais que conhecessem. Os relatos estão publicados em três partes no blogue da editora. A primeira traz Antonio Xerxenesky falando sobre uma seita de adoradores de Thomas Bernhard, e Daniel Galera, que explica as relações entre a Acéphale, sociedade fundada por Georges Bataille nos anos 30, e o grupo liderado pelo escritor guatemalteco Jupiter Irrisari: Los Títeres. A formação intelectual estudada e relatada no livro de Vila-Matas, assim está resumida, também no blog da editora: “Criada em 1924 e dissolvida em 1927, a conspiração portátil foi tão fechada e obscura que até hoje é difícil dizer quem participou ou não dela. Com certeza Walter Benjamin, Marcel Duchamp, Francis Picabia e Tristan Tzara. Mas existiram outros. Entre os portáteis, ou shandys, como eram conhecidos (uma homenagem ao Tristram Shandy, de Laurence Sterne), só eram aceitos aqueles que tivessem entre seus ideais: 1) o amor à escrita como diversão; 2) a insolência; 3) um certo espírito inovador; 4) o celibato (seus membros não podiam ser casados); 5) e a autoria de obras que coubessem em uma maleta – deviam estar sempre prontos para o deslocamento, e por isso fazia-se necessária, além da ausência de mulher, marido e filhos, uma obra portátil, que pudesse ser levada por aí”. Disponível em: http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?tag=sociedade-secreta-shandy.  Acesso em: 21 mar. 2012.
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Referências

GALERA, Daniel. Cordilheira. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

RESENDE, Beatriz. Contemporâneos - expressões da literatura brasileira do século XXI. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.




Comentários

  1. Estava passeando pelas internets e encontrei este blog.
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