Cordilheira é uma metanarrativa. Reflete
sobre vida e arte, realidade e ficção e, concomitantemente, revela ao leitor um
pouco das complexas relações existentes “por detrás dos bastidores” do campo
literário. Retrata, num primeiro plano, as angústias de uma escritora em meio
aos dilemas da vida contemporânea, ao tempo que tem como pano de fundo a
reflexão sobre o mundo das artes e das engrenagens que movimentam o sistema
literário.
A história supõe um deslocamento físico, o que faz parte do projeto
literário da coleção - no caso, o deslocamento é tanto do autor quanto da
personagem uma vez que ambos se deslocam em função das suas aventuras
literárias, dentro e fora da ficção. Além disso, temos o deslocamento de
gênero: a protagonista do romance de Galera pertence ao universo feminino, o que
é assim explicado pelo autor: “Tive vontade de desenvolver uma protagonista
mulher, porque as mulheres modernas me parecem bem mais interessantes e
complexas do que os homens”. Tal preferência, um escritor se lançar a representar as complexidades
características do gênero feminino, mesmo que não seja inovador, chamou a
atenção do escritor e crítico literário Carlos André Moreira, do jornal Zero Hora: O livro tem a qualidade de apresentar uma voz feminina crível,
delineada com sensibilidade. Está na figura de Anita a chave do que o romance
tem de melhor, uma personalidade complexa, com desejos conflitantes e que
refletem à perfeição um dos temas centrais da obra de Galera até agora, a falta
de um sentido para uma geração jovem sem interesse em cumprir as expectativas
alheias, algo que já se via em Até o Dia em
que o Cão Morreu e em Mãos de Cavalo.[1]
O romance é, em grande
parte, narrado em primeira pessoa pela protagonista, salvo pelos capítulos de
abertura ”Como água” e o de fechamento “Fique para sempre”, que fazem às vezes
de moldura da história principal, intitulada “Mamihlapinatapai”[2].
No primeiro capítulo, um narrador em terceira pessoa relata uma cena
aparentemente trivial entre a jornalista recém-formada Anita “que pensava
apenas no livro que vinha escrevendo” e seu pai que, de saída, atrasado para
encontrar-se com amigos, demora-se a observar a filha. Com os recursos próprios
da onisciência do narrador são revelados ao leitor características da
personagem que protagonizará a história.
Anita fora criada pelo
pai que, “amando-a não apenas mais do que qualquer coisa no mundo, mas amando-a
por dois”, observa a filha à soleira
da porta do quarto e sente “uma certa sensação de dever cumprido” (2008, p.10).
Enquanto escova os “longos cabelos negros” Anita percebe a presença do pai, ao
que diz: “Lembra quando você penteava meu cabelo? [...] Quer fazer isso?” (2008,
p.10). O pai, segurando os cabelos, que “eram como água”, questiona-se “se ela
lembrava mesmo”, refletindo sobre o “passado que tinha acabado de acontecer”
(2008, p.11). A referência à água que se percebe no primeiro capítulo, e que
acompanha toda a narrativa, está articulada à primeira epígrafe inscrita nas
páginas que antecedem o capítulo:
I dream some nights of a funny sea,
As soft as a newly born baby
It cries for me pitifully!
And I five for my child with a wildness in
me,
And am so sweetly there received
Joanna Newsom, “Colleen” (GALERA, 2008, p.5).
O fragmento da canção
da jovem harpista norte-americana Joanna Newsom serve de introdução referencial
a um dos temas que orienta o romance, a maternidade ansiada pela personagem
como saída para o impasse existencial. Ao mesmo tempo, é instrutivo de certa
atmosfera aquosa que permeia o texto, uma vez que água é elemento recorrente desde
o primeiro capítulo, aparecendo acentuadamente no último capítulo do romance
escrito por Anita - “Descrições da chuva” (2008, p.40-47) - recitado
no evento de lançamento do livro na Argentina, até a cena em que descalços e
molhados sob a chuva no terraço de um edifício paulista, Anita e Danilo encerram a narrativa de Cordilheira, unindo uma ponta à outra da
narração, margeada pela liquidez. Poderíamos ainda fazer uma relação da
aquosidade que perpassa o romance com o líquido amniótico, água primordial que
possibilita a vida, expresso na descrição de um sonho de Anita (logo após a
primeira relação sexual com Holden), em que ela, com um filho nos braços, salta
de um penhasco de encontro ao mar revolto, em um dia de chuva forte (2008, p.81).
Os versos de Newsom transcritos na epígrafe encontram aqui sua evidente
referência, visto que a canção fala de um sonho com um mar ao som do choro de
um recém-nascido.
O capítulo principal se passa em
Buenos Aires, mas não faz dessa localização um elemento central de sua
narrativa, mesclando lugares como São Paulo e Santa Catarina. Anita von der Goltz Vianna é uma
escritora, formada em jornalismo, filha
de uma professora de história que morreu no parto de Anita, e cuja “fome de
livros fez com que acumulasse uns mil volumes em seus vinte e sete anos de
existência” (2008, p.53). A escolha de
Anita em tornar-se escritora parece vir da paixão da mãe pelos livros, uma vez
que o pai os guardara como uma espécie de monumento em memória à esposa e a
estante cheia de livros, “a muralha de textos”, exercia fascínio sobre a
personagem desde a infância. A protagonista encontrou na leitura e no manuseio
dos livros deixados pela mãe uma maneira de conhecer um pouco da mulher que lhe
dera a vida em troca da sua: “muitos estavam sublinhados à régua e anotados com
a caligrafia miúda e precisa de minha mãe [...] eu abria um livro atrás do
outro somente para investigar aquelas inscrições” (2008, p.53). O pai da
protagonista morreu em um acidente de carro ao sair embriagado do último de
seus encontros semanais com os amigos de pôquer. Anita, à época do acidente,
ainda trabalhava na produção de seu livro, o que parece contribuir com o
assumido desprezo que cultiva pela sua própria criação.
Anita
começou a escrever seu livro aos 23 anos e o publicou aos 25 anos, por uma
editora de renome. O livro fora bem recebido pela crítica e pelo público, o que lhe garantiu um lugar na assim chamada "cena
literária", mas um lugar que a própria Anita não quer mais ocupar: “para
mim o romance estava enterrado junto com meus pais. Conheci Danilo, nos
apaixonamos, ele me adotou. Tudo que eu estava pedindo da vida agora era uma
família” (2008, p.55). Anita, já com 27
anos, mora em São Paulo com o namorado Danilo e não mais se vê como escritora e
sim como futura mãe, sonho que se torna obsessivo e conflitante nos tempos em
que vive. Podemos perceber que as ideias expostas nos diálogos travados sobre a
vontade de Anita de gerar um filho descortina o tecido da sociedade pós-moderna
e os conflitos de ideias daí gerados. Anita vive em meio ao anseio, e certa
necessidade, de constituir uma família nos moldes tradicionais, mas Danilo, o
namorado, sequer concebe a ideia de tornar-se pai, e entre suas amigas “também
não encontrava muita compreensão”:
[...]
ele julgava inconcebível que eu desejasse ter filhos e ao tratarmos do assunto
me encarava como se eu fosse uma mutação genética, uma louca ou uma donzela do
passado que tinha acabado de viajar para o futuro e pousado no tapete fofinho
do estúdio do apartamento dele. (GALERA, 2008, p.17)
- Filhos. Ah. Na
boa, eu só quero ter filhos quando tiver certeza de que minha vida está
arrumada. Não quero descontar meus traumas e frustrações nos meus filhos. Antes
disso, preciso ficar resolvida, independente. Queria ter filhos com cinquenta,
sessenta anos. Acho que vai ser possível até lá, a medicina tá resolvendo tudo.
Agora, tu, Anita? Faz favor né guria.
- Qual o problema,
porra?
- Ah, não sei. – E
aí ela me olhou de cima a baixo, como se não me conhecesse. – Sei lá, o mundo
tá aí, tanta coisa e tu nessa pilha aí.
(GALERA, 2008, p.21)
Anita tem por companheiras quatro
amigas, “a turma AJAX”: Anita, Julie, Amanda e Xanda (2008, p.21). Quatro
mulheres cuja palavra “independência” julgam ser o seu principal substantivo.
Personagens femininas de aparente estabilidade, resolvidas quanto ao papel que
desempenham na sociedade contemporânea, porém vítimas de anseios e estranhezas
subjetivas que não sabem como administrar.
Julie, a amiga mais antiga de Anita, é filha de família francesa radicada
no Brasil desde a infância. Bailarina profissional, “dava wokshops de dança moderna que eram disputados a tapa” e, aos olhos
de Anita, ela “era uma mulher mais feliz que a média”. Suas convicções em
relação ao sexo eram bastante contundentes: “Julie não se apegava aos homens, e
o sexo para ela era, sobretudo, uma questão de vaidade. Cada homem comido não
passava de uma afirmação de sua beleza e elegância de movimento [...]” (2008,
p.19). Amanda era gaúcha de Torres, mudara-se para Porto Alegre para estudar
história, abandonando a faculdade para estudar oceanografia em Florianópolis, curso
que também abandonou para trabalhar em uma ONG que promovia a “permacultura” em
São Paulo: “um conceito de moradias e sistemas produtivos autossustentáveis, em
integração total com a natureza” (2008, p.20). Tinha um namorado que vivia em
uma ecovila em Ubatuba e, apesar de
suas recorrências a um tema bastante caro à contemporaneidade, “suas convicções
ecológicas eram meio superficiais, como tudo em sua vida” (2008, p.20).
Alexandra era a mais velha das quatro, tinha 30 anos, uma carreira bem sucedida
como repórter de uma revista semanal e tinha uma vida social bastante agitada
com “o celular tocando sem parar”. Apesar de sua aparente estabilidade e confiança,
o que poderia nos levar ao sinônimo de completude, “dentro dela havia um espaço
vazio” que deixava transparecer, levando Anita a revelar que “tinha medo de
tocar em Alexandra porque parecia que ela ia desfarelar” (2008, p.22).
Assim eram, podemos inferir, por trás das
aparentes personalidades bem estruturadas, as quatro personagens femininas,
prestes a “desfarelar”. Pessoas confusas, perdidas em um turbilhão de ânsias e
medos, desamparadas entre contradições culturais desordenadas que ora pregam a
tradição, ora a novidade. Sujeitos solitários que sofrem as penas do “mal do
século”, a depressão. Não sabem como lidar com “sua dose eventual de vazio e
angústia” e a forma com que administram tais sentimentos, sintomas dos tempos
contemporâneos, é dourando a pílula, ao que parece, literalmente: Julie tenta
se matar tomando quinze comprimidos de Clonotril; Alexandra, aos 28 anos
enfrenta uma depressão e “precisou de muita psicoterapia e Paroxetina para sair
do buraco” (2008, p.22) e, um tempo depois, “pulou da sacada de seu flat no nono
andar e morreu na hora” (2008, p.27); Anita, a protagonista, sofre de
transtorno do pânico desde a morte do pai e toma Sertralina “para combater a
ansiedade”, mas sente necessidade de parar de tomar as pílulas e de livrar a
mente, “por mais fodida que estivesse, de todos os filtros e regulagens” (2008,
p.29).
Anita é a personificação de sujeitos deslocados, que veem
se desfazer seus vínculos afetivos com a terra natal e, marcados por um
sentimento de não pertencimento a qualquer espaço, a qualquer esfera de
identidade palpável buscam um lugar mais
habitável, no caso, Buenos Aires. A viagem pode ser interpretada como tentativa
de fuga ou negação de uma realidade de frustrações, ainda que se saiba que o
passado, as experiências, a história do indivíduo não está registrada na
geografia, acompanha-os.
Anita,
consequência do precipitado sucesso como escritora, recebe convite para o
lançamento da edição argentina de seu romance e, dado o fim do relacionamento
com o namorado (que se nega a fazer parte de seu plano maternal), somado ao
suicídio da amiga, aceita o convite e parte para Buenos Aires, ainda que seja
uma escritora em crise. Anita se sente desconfortável não só com o romance que
produzira - e o notório sucesso que obtivera - e com o qual não mais se
identifica, como com todas as obrigações que acompanham o êxito: o cortejo, a
fama, as entrevistas, os eventos literários, as exposições e o contato com o
público. Embora o romance tenha lhe proporcionado a oportuna viagem, sua
produção, assim como o reconhecimento enquanto escritora, não é a força que a
impulsiona na aventura.
Em Cordilheira, Galera explora drama comum a muitos escritores: onde
começa a ficção e onde termina a realidade. No romance, um grupo de escritores
subverte a lógica e passa a viver os personagens das suas obras. A
singularidade desse grupo, a partir da qual se desenrola a reflexão sobre
realidade/ficção, autor/personagem, inspiração/experiência está anunciada na
segunda epígrafe, seguida à canção de Joanna Newsom, de abertura do romance:
Imaginar o
inexistente é um ato de paixão pela vida, mas viver o imaginado requer um amor
duradouro e sobretudo, um compromisso.
Júpter Irrisari, Personajes. (GALERA, 2008, p.5).
A epígrafe faz referência ao escritor guatemalteco Jupiter Irrisari que
ficou conhecido por conceber e pôr em prática a ideia de transformar-se nos
personagens que criava. Daí a natureza da ideia do grupo argentino de Cordilheira ao qual Anita se aproxima,
além da aproximação entre a natureza da narrativa de
ficção e a dos jogos de interpretação de personagens conhecidos pela sigla RPG[3].
Daniel Galera escreveu para o blog da editora Cosac Naify [4]uma breve
resenha sobre Irrisari, resultado de suas pesquisas e leituras, matéria-prima
para a construção de sua narrativa:
Los Títeres e a
Acéphale - Daniel Galera
Morto na cadeia em
1943, com cerca de trinta e cinco anos, em circunstâncias nunca esclarecidas, o
escritor guatemalteco Jupiter Irrisari ficou conhecido em alguns círculos
literários da sua época por conceber e pôr em prática a radical agenda estética
— exposta no raro volume Personajes, edição artesanal de 1931 — de
transformar-se nos personagens que criava. A sociedade que liderou, Los
Títeres, incluiu os obscuros compatriotas Manolo Godoy, Lucy Longo Chacón e
Denni Mejicanos, todos, supostamente, engajados a partir de algum momento na
encarnação real de seus personagens literários. Suspeita-se da existência de
uma conexão de Los Títeres com a Acéphale, a revista e sociedade esotérica secreta
liderada por Georges Bataille na França entre 1936 e 1939, da qual
participaram, entre outros, Roger Caillois, Jean Wahl, Pierre Klossowski e o
pintor André Masson. Pelo menos um biógrafo do autor francês acredita que um
encontro de Irrisari e Bataille na Espanha foi o estopim do rompimento do
segundo com André Breton e os surrealistas. As atividades da Acéphale, mantidas
secretas até hoje por juramento, seriam uma extensão da “realidade ficcional”
dos Títeres guatemaltecos, porém investida de um caráter esotérico. Em seu
artigo A Conjuração Sagrada, publicada na primeira edição da Acéphale, Bataille
escreveu: “Secretamente ou não (…) é necessário tornar-se diferente ou então
deixar de existir”.
Como suscitado por Raymond Williams, a “formação
intelectual” apresenta-se como matéria relevante para os estudos de abordagens
socioculturais, sobretudo estudos literários, pois a partir das características
e singularidades dessas agremiações muito se desvela sobre a literatura daí
produzida, os pontos de vista dos autores inseridos nessa realidade social e o
“caráter das contribuições culturais, intelectuais e artísticas” (WILLIAMS,
2011b, p.222) dessas formações. O grupo
de escritores argentinos de Cordilheira,
por exemplo, muito desvela sobre a história que se desenrola a partir do
envolvimento de Anita com um de seus integrantes, Holden.
Holden, cujas obsessões eram seitas secretas, movimentos literários de
dissidentes surrealistas e um escritor guatemalteco do início do século XX
chamado Jupiter Irrisari. Holden tinha dois livros desse autor em casa, de
acordo com ele os únicos que se podiam encontrar. Mas o essencial em Irrisari,
de acordo com Holden, não foram os livros que publicou, e sim o caminho que
seguiu a partir de certo ponto de sua carreira: parou de escrever histórias e
passou a vivê-las.
- Irrisari concebia personagens, traçava alguns elementos básicos de sua
história e os incorporava. (GALERA, 2008, p.95).
À medida que se
envolve com o homem misterioso e conhece a vida dele - e de seu sombrio
grupo de amigos, sujeitos integrantes de uma confraria de autores-personagens,
Anita percebe que Holden, personagem cujo nome nos remete ao clássico O apanhador no campo de centeio, de J. D
Salinger, pode ser útil em sua obsessão pela maternidade — assim como ela
pode vir a ser útil para ele em um plano um tanto doentio, ligado à finitude da
existência da personagem que lhe empresta a vida.
Texto originalmente publicado in: OLIVEIRA, Angela Francisca Mendez de. Atuação cultural de jovens escritores na cena literária de Porto Alegre: o caso Daniel Galera. 2013. 125f. Dissertação (Mestrado em Letras) UniRitter, Porto Alegre, 2013.
[1] MOREIRA,
Carlos André. Cruzando a Cordilheira. In: Jornal Zero Hora. Porto Alegre, 24 de
outubro 2008. Disponível
em: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt§ion=Blogs&post=116105&blog=31&coldir=1&topo=3951.dwt Acesso em: jun. 2012.
[2] uma palavra da Língua
Yagan, da
Terra do Fogo, listada no Guiness Book
como a palavra mais sucinta. Ela descreve "um olhar trocado entre duas
pessoas no qual cada uma espera que a outra tome a iniciativa de algo que os
dois desejam, mas nenhuma quer começar. (Fonte: Wikpédia)
[3] Role-playing
game (“jogo de interpretação de personagens”), conhecido como RPG, surgiu em
1974, nos Estados Unidos. O Jogo dá-se através de fichas e objetos de cena e os
jogadores interpretam seus personagens. Nos últimos anos outras formas midiáticas
proliferaram rapidamente, como a de atividades para computador e videogames. Os
jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas
colaborativamente; um deles desempenha o papel de narrador, sendo o responsável
pelo desenvolvimento da história, podendo alterar, inclusive o andamento da
narrativa durante a representação. Cada personagem deve ser interpretado pelos
jogadores, assim como fazem os atores, ou os personagens do grupo de Holden,
criados por Galera, inspirados em Irisari. O progresso de um jogo se dá de
acordo com um sistema de regras pré-determinado, permitindo aos jogadores
improvisar livremente: “são as suas escolhas que determinam a direção que o
jogo irá tomar”. Os jogos de RPG são tipicamente mais colaborativos e sociais
do que competitivos, já que congregam os seus participantes como em um grupo
coeso em função de uma ideia ou objetivo, por isso um RPG raramente tem
ganhadores ou perdedores, o que o torna fundamentalmente diferente de qualquer
outro tipo de “jogo social”. Informações disponíveis em:
. Acesso em: set. 2012.
[4] A
editora Cosac Naify, a partir da reedição do livro História abreviada da literatura portátil
(1985 – 2011), do autor catalão Henrique Vila-Mata,
propôs
a escritores brasileiros que escrevessem sobre sociedades ou grupos
intelectuais que conhecessem. Os relatos estão publicados em três partes no blogue da editora. A
primeira traz Antonio Xerxenesky falando sobre uma seita de adoradores de
Thomas Bernhard, e Daniel Galera, que explica as relações entre a Acéphale,
sociedade fundada por Georges Bataille nos anos 30, e o grupo liderado pelo
escritor guatemalteco Jupiter Irrisari: Los Títeres. A formação intelectual
estudada e relatada no livro de Vila-Matas, assim está resumida, também no blog
da editora: “Criada em 1924 e dissolvida em 1927, a conspiração portátil foi tão
fechada e obscura que até hoje é difícil dizer quem participou ou não dela. Com
certeza Walter Benjamin, Marcel Duchamp, Francis Picabia e Tristan Tzara. Mas
existiram outros. Entre os portáteis, ou shandys, como eram conhecidos (uma
homenagem ao Tristram Shandy, de Laurence Sterne), só eram aceitos aqueles que
tivessem entre seus ideais: 1) o amor à escrita como diversão; 2) a insolência;
3) um certo espírito inovador; 4) o celibato (seus membros não podiam ser
casados); 5) e a autoria de obras que coubessem em uma maleta – deviam estar
sempre prontos para o deslocamento, e por isso fazia-se necessária, além da
ausência de mulher, marido e filhos, uma obra portátil, que pudesse ser levada
por aí”. Disponível em: http://editora.cosacnaify.com.br/blog/?tag=sociedade-secreta-shandy. Acesso em: 21 mar. 2012.
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Referências
GALERA, Daniel. Cordilheira. São Paulo: Companhia
das Letras, 2008.
RESENDE, Beatriz. Contemporâneos - expressões da literatura brasileira do século XXI. Rio de Janeiro: Casa da Palavra,
2008.
Estava passeando pelas internets e encontrei este blog.
ResponderExcluirGostei.
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