Espelhos - Eduardo Galeano

Neste final de ano fui presenteada, carinhosamente presenteada, com o livro “Espelhos – uma história quase universal”, do autor Uruguaio Eduardo Galeano, já tão citado aqui no cultura de travesseiro. A obra passeia por temas como arte, desigualdade, feminismo, mídia, impérios, guerras, mitologia, enfim, uma história quase universal mesmo. Ontem realizava a leitura dos breves, mas valiosos, ensaios do autor e pensei em postar algumas de suas narrativas.

Como estamos adentrando o verão e o calor já convida-nos a “sair da toca”, nada mais apropriado para o tema pensado que iniciar com a história daquela que é a bebida preferida dos nativos do país tropical – a cerveja. Convidada de honra dos encontros nos finais de tarde, dando novos olhos ao rosto, alegrando e refrescando as tardes e noites quentes de verão.

Breve História da Cerveja

Um dos provérbios mais antigos, escrito na língua dos sumérios, absolve a bebida em caso de acidentes:

A cerveja é boa.
O caminho é que é ruim.

E de acordo com o que conta o mais antigo dos livros, Enkidu, o amigo do rei Galgamesh, foi uma fera selvagem até descobrir a cerveja e o pão.

A cerveja viajou para o Egito a partir da terra que agora chamamos de Iraque. Como dava novos olhos ao rosto, os egípcios acharam que era um presente de seu deus Osíris. E como a cerveja de cevada era irmã gêmea do pão, a chamaram de pão líquido.

Nos Andes americanos, é a oferenda mais antiga: desde sempre a terra pede que derramem nela uns jorrinhos de chicha, cerveja de milho, para alegrar os seus dias.

Eduardo Galeano - Espelhos, p.11