O texto de Sírio Possenti apresenta um conjunto de teses correntes em lingüística e se destina a promover uma reflexão sobre o ensino de língua Portuguesa.
· O saber Técnico: Para o professor de língua materna, mais que o saber técnico é preciso algumas rupturas para maiores benefícios no ensino. Para que o ensino mude, não basta remendar alguns aspectos, é preciso uma revolução; é necessário mudar a concepção de língua e de ensino de língua portuguesa.
· O ensino do português padrão: O objetivo da escola é ensinar o português padrão, qualquer outra hipótese é um equivoco. A tese de que não se deve exigir dos alunos o domínio do dialeto padrão, baseia-se no preconceito de que teriam dificuldades em aprender, o que não é verdade. O dialeto não padrão os alunos já sabem, e falar em não ensinar o padrão equivale a tirar o português das escolas.
· Concepção de criança e de língua: É necessário que haja uma concepção clara do que seja uma criança e do que seja uma língua e para tal basta observar as crianças. Veremos que todas, independente das condições materiais, são bem sucedidas no aprendizado das regras básicas para falar. Se as línguas são sistemas complexos e as crianças aprendem, então não são incapazes.
· A estrutura lingüística: Todas as línguas são estruturas de igual complexidade e isso vale para os dialetos de uma mesma língua, que se diferenciam em algumas coisas, mas não pela complexidade das suas “regras gramaticais”.
· A aquisição da fala: A escola não ensina língua materna aos alunos. Ela recebe alunos que já falam, que conhecem uma estrutura complexa, reafirmando a tese de que são capazes de aprender o dialeto padrão.
· As variações lingüísticas: A variedade lingüística é o reflexo da diferença social, e essa variedade se reflete na fala, constituindo, muitas vezes, uma “identidade social” dos falantes.
· As formas arcaicas: Todas as línguas mudam, então não a razão para haver preconceito com o ensino de uma língua menos formal, algo como o que os alunos lêem nos jornais e textos cientifico.
· Os erros: É relativamente pequena a diferença entre o que o aluno conhece de língua e aquilo que lhe falta. Mesmo a diferença na fala das pessoas das mais variadas regiões e condições do país mostra que há mais semelhanças do que diferenças. Uma análise mais cuidadosa mostra que os alunos acertam mais do que erram e que o número de erros é bem maior que os tipos de erros.
· Procedimentos pedagógicos: Não se aprende por exercício, mas pela prática. O domínio de uma língua é o resultado de práticas efetivas, contextualizadas. As crianças aprendem a falar ouvindo, dizendo e sendo corrigidas sem humilhação, castigos ou exercícios.
· O que precisa ser ensinado? O que já é sabido não precisa ser ensinado. Se o aluno tiver um projeto de leitura, isso pressupõe que ele terá mais contato com a língua escrita, que usam a forma padrão, a qual queremos que aprendam e assim o ensino seria mais eficaz.
“Por que (não) Ensinar Gramática na Escola ”
Sírio Possenti
No texto Sírio Possente afirma que língua não se ensina, se aprende. O autor utiliza o exemplo das crianças e a naturalidade com que constroem frases aos três anos de idade. Aprendem por imitação e familiaridade com a língua falada pelas pessoas de seu círculo de convivência. Mesmo parecendo um dom natural, o autor mostra que falar e um trabalho de constante aprendizado, assim como a leitura e a escrita.
Sintetiza que se aprende a ler e escrever, lendo e escrevendo, dentro de um contexto, assim como a fala, sem exercícios mas com lógica. Propõe um ensino onde os alunos escreveriam, debateriam seus textos, notariam seus “erros” e aprenderiam com explicações que lhes fariam sentidos; depois reescreveriam aplicando o que lhes foi ensinado. Assim as aulas seriam menos maçantes e mais eficazes, já que os professores estariam ensinando o que os alunos realmente não sabem e criando, assim, condições para que a gramática seja aplicada e entendida.
Arquivo Cultura de Travesseiro:
estrangeirismo:desejos e ameaças - Faraco
oralidade e letramento - Marcuschi
Fantástico!
ResponderExcluirDe forma clara, o estudioso nos mostra que se a criança aprende a falar falando, aprende a ler e escrever, lendo e escrevendo.
Falta ao professor o interesse ou habilidade para lidar com o ensino da língua.