A Origem de Algumas Expressões Populares


Uma das coisas que gosto de ler são revistas. Há alguns anos assino a revista "Aventura na História", que além de apresentar matérias interessantíssimas sobre a história universal, traz leituras e quadros mais descontraídos como o que apresento hoje, "o Dito e Feito".

A seção em questão desvenda a origem de expressões populares que usamos, sem muitas vezes termos a menor ideia de onde surgiu tal frase; cor de burro quando foge? Onde Judas perdeu as botas?... Então... a fim de descontrair selecionei algumas dessas expressões curiosas.


ACABOU EM PIZZA...

Uma das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”, empregada quando algo errado é julgado sem que ninguém seja punido ou sem nenhuma solução adequada.

O termo surgiu por meio do futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses se reuniram para resolver alguns problemas e, durante 14 horas seguidas de brigas e discussões, estavam morrendo de fome. Assim, todos foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas gigantes. Depois disso, foram para casa e a paz reinou de forma absoluta. Após esse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava na Gazeta Esportiva, fez a seguinte manchete: “Crise do Palmeiras termina em pizza”. Daí em diante o termo pegou.


ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS...

A bíblia não faz nenhuma referência às botas de Judas, mas de acordo com uma lenda popular, Judas escondeu seus caçados junto com o dinheiro que recebeu por trair Jesus e esse local nunca foi encontrado. Daí que "onde Judas perdeu as botas" faz referência a um local difícil de ser encontrado.

"Muitas vezes, algumas expressões idiomáticas ganham corpo baseadas em crenças da religiosidade popular, sem ter a tradição bíblica ou teológica", diz Josias da Costa Júnior, mestre em Ciências da religião da Unesp.


COR DE BURRO QUANDO FOGE...

Várias espécies animais se transformam quando ameaçadas. O camaleão muda de cor. O polvo solta uma tinta escura que funciona como camuflagem. Não é esse o caso do burro. Portanto, a frase, muito usada em todo o Brasil para tratar de uma cor indefinida, não tem explicação no comportamento do bicho. A resposta mais provável para a origem do termo está em um registro feito no começo do século 20 pelo gramático Antônio de Castro Lopes, que documentou o uso popular da construção "corro de burro quando foge". A repetição provocou uma frase que não faz o menor sentido, e que mesmo assim ficou consagrada.


VAI PENTEAR MACACO...

Dirigida a alguém que está incomodando, essa expressão, cujo significado pode ser resumido como "vá chatear outra pessoa", teve sua origem no provérbio português "mal grado haja a quem asno penteia", registrado pela primeira vez em 1651, em Portugal. Nessa época, pentear ou escovar animais de carga, como burros e jumentos, não era uma tarefa bem vista, já que esse tipo de animal não precisava estar lustroso nem penteado para executar sua tarefa.

"Vá pentear macacos" é uma adaptação brasileira desse provérbio de Portugal. Como os portugueses, até a metade do século 17, desconheciam o termo macaco e usavam a palavra bugio para se referir a esse animal, criaram lá a expressão "vá bugiar", que tem significado semelhante ao nosso "vá pentear macacos" e é usada até hoje em Portugal e em algumas localidades do Brasil.


CHORAR AS PITANGAS...

Desde as suas origens, essa expressão tem o sentido de "queixar-se", "lamuriar-se". ela surgiu no Brasil como uma adaptação, influenciada pelos povos indígenas, de uma frase portuguesa muito usada entre os lusitanos: "chorar lágrimas de sangue".

Na língua tupi, a palavra "pitanga" significa "vermelho". Assim, chorar as pitangas seria o mesmo que verter muitas lágrimas, até os olhos ficarem avermelhados. De acordo com o folclorista Luís da Câmara Cascudo, em seu livro Locuções Tradicionais do Brasil, "a imagem associada impôs-se:'chorar pitanga' pelo lusitano 'chorar lágrimas de sangue', na sugestão da cor".



Comentários

  1. Passei por aqui. Gosto do assunto - a língua é a origem de tudo.

    Abraços.

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  2. Olá José Carlos, satisfação em receber sua participação. Seja bem vindo e volte sempre amigo...
    Abraços,
    Angela Mendez

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  3. Quando criança perguntei ao meu avô, que cor era a de "burro quando foge", prontamente respondeu que era "indefinida". Explicou ele que não se conseguia ver a cor de um burro correndo, por isso a expressão. Só para registrar, lições de vovô que não se esqueço.
    beijão.
    sil.

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  4. Que belíssimo comentário amiga... Adoro sua participação. Realmente histórias da infância são uma delícia.
    Obrigada pela sua assiduidade Sil!
    Beijos

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  5. aff! tem um "se" metido, agora se foi.
    sil.

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  6. meu DEUS nao acho nenhuma expressão popular para meu trabalho...

    ex:meu irmao contou uma piada e eu rachei o bico

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  7. Lágrimas de Areia

    Lá estava ela, triste e taciturna.
    Testemunha de efêmeros conflitos,
    Com um olhar perdido no tempo,
    Não exigia nada em troca
    A não ser um pouco de atenção.

    Sentia-se solitária, oca,
    Os homens admiravam-na pelos seus dotes.
    As crianças, em sua eterna plenitude,
    Admiravam-na muito mais além...
    ... Mais humana!

    De sua profunda melancolia
    Lágrimas surgiram.
    Elas não umedeceram o seu rosto,
    Mas secaram o seu coração,
    O poço da alma,
    Aumentando cada vez mais
    A sua sede.

    Lá ela permaneceu; estática, paralisada!
    Esperando que o vento do norte a levasse
    Para bem longe dali!

    O dia começou a desfalecer.
    Seu coração, outrora seco e vazio,
    Agora pulsava em desenfreada arritmia.
    Desespero!
    A maré estava subindo...

    Em breve voltaria a ser o que era:
    Um simples grão de areia.
    Quiçá um dia levado pelo vento,
    Quiçá um dia... Em um porto seguro.


    Do livro (O Anjo e a Tempestade) de Agamenon Troyan

    SKYPE: tarokid18
    MSN: machadocultural@hotmail.com
    TWITTER: @episodiocultura

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