Pepetela, Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, nasceu em Benguela – Angola, no dia 29 de Outubro de 1941. Estudante de engenharia em Portugal, no ano de 1961 transfere-se para o curso de Letras. Neste mesmo ano acontece em Luanda a revolta que origina a Guerra Colonial e em 1963 Pepetela torna-se militante do MPLA - Movimento Popular para a Libertação de Angola.
Exilado na França e na Argélia, o autor gradua-se em Sociologia.Com a independência da Angola, em 1975, Pepetela e nomeado Vice-Ministro da Educação no governo de Agostinho Neto. Sua carreira de escritor é agraciada em 1980 com o Prêmio Nacional de Literatura de Angola e em 1997 com o Prêmio Camões que consagra o conjunto da sua obra.
Atualmente Pepetela, além de brilhante escritor, é professor de Sociologia. Lecionou na Faculdade de Arquitetura de Luanda, onde viveu até ter mudar-se para Lisboa em 1995, onde vive até hoje.
*Visite o Blog do Autor: pepetela.blogs.sapo.pt
BIBLIOGRAFIA
As Aventuras de Ngunga
"O Ngunga não ia ser livro. Eu estava no Leste e estava a fazer um levantamento das bases do MPLA, pela primeira vez ia-se saber quantas bases havia, quantos homens havia, quantas armas...eu ia de base em base e ao mesmo tempo acompanhava o ensino, dava uma ajuda aos professores com os manuais de matemática que eram da Ex RDA, demasiado modernos, e os professores tinham dificuldades com eles, comecei também a aperceber-me que os miúdos só tinham os livros da escola para ler o português, conclui que era preciso fazer textos de apoio, é aí que começa o Ngunga. Eram textos muito simples que pouco a pouco se iam tornando mais complexos. Como ainda assim não era suficiente os textos eram traduzidos para Mbunda e depois eu tentava dar-lhes regras gramaticais reescrevendo o Mbunda, assim os miúdos podiam aprender a ler na sua língua e recorrer a ela sempre que tivessem dificuldade nalguma palavra em português. Quando acabei cheguei à conclusão que aquilo era uma estória, dei-lhe um fio condutor e mais tarde decidimos publicá-lo".(Pepetela)
*Leia aqui um estudo sobre esta obra; por Marcelo José Caetano.
Muana Puó
A obra foi escrita em 1969 e publicado 1978.Pois o autor tinha medo de que sua obra não fosse entendida."Muana Puóuma estória de amor num fundo de luta. Era ainda em abstracto, eu ainda nunca tinha visto guerra na minha vida, por isso arranjei a simbologia com a máscara." "Eu vi a fotografia de um cartaz para um espectáculo da Miriam Makeba, com a Muana Puó...e fiquei fascinado. Foi amor à primeira vista. Fechei-me uma semana no quarto, todo branco, com o cartaz à frente e comecei a escrever sem saber o que ia escrever." "A estória é perfeitamente intemporal e muito simbólico. O livro foi escrito com a máscara à frente e é para ser lido assim, com a máscara à frente. A acção do livro segue as linhas da máscara: o mundo oval, o rosto; o lago, a boca...". (Pepetela)
Mayombe
Conta a história de um grupo guerrilheiro acampado no meio da mata. É gente sem recursos de toda a espécie. Faltam comida, armas, estratégia. A maior parte dos soldados é analfabeta. Muitos não se entendem, pois pertencem a comunidades diferentes que falam línguas diversas. Até hoje, em Angola, há 36 idiomas, além do português. Há problemas de hierarquia. Algumas etnias se consideram superiores às outras, e não aceitam receber ordens de comandantes considerados inferiores do ponto de vista cultural ou genético. A aventura dessa gente, o medo, as superstições, a corrupção, o ambiente político, geográfico e psicológico, compõem uma história de aventura emocionante. Pepetela sabe do que fala. Lutou na guerrilha, como suas personagens. Dá ao leitor o privilégio de conhecer um universo muito particular, pouco divulgado. O da África negra, pobre, abandonada. E de conhecer as raízes de problemas que persistem até os dias atuais. (Fonte: Eliana Simonetti - shvoong.com)
O Cão e os Caluandas
Novela escrita entre os anos de 1978 e 1982, é o testemunho de Pepetela às perceptíveis mudanças da sociedade angolana após sua independência em 1975. A obra é construída como um "puzzle" de narrativas, situações e estilos que reconstrõem as andanças do cão pastor-alemão, Lucarpa, pela cidade de Luanda e entre seus habitantes. O "autor" da novela, outro personagem de Pepetela, reúne sob diversas formas narrativas testemunhos de pessoas que tiveram contato com o cão, protagonista e herói /ou anti-herói dessa estória. A estruturação tempo-espacial fragmentária da obra revela semelhanças com a novela picaresca e cada relato recolhido pelo "autor" tem um registro linguístico diferente ao anterior. Assim, um "ninho" textual através da polifonia é formado abordando, através da sátira social explícita, o "modus vivendi" dos moradores de Luanda, os caluandas ou os calús.(Fonte:Sem ImaginAção)
Yaka
É um livro sobre a história da colonização em Angola e, simultaneamente a história da luta pela queda dessa colonização. Uma saga sobre cem anos da história do país vistos através da evolução de uma família e do seu percurso por Angola. Pepetela acompanha a vida de personagens idos de Portugal para Angola no século XIX, com personagens idos do Brasil, essencialmente deportados, e pessoas descontentes com descontentes com a independência do Brasil.A história vai até à independência de Angola em 1975. Termina em Benguela. Na última geração, como foi comum a muitas famílias há histórias de vidas com opções diferentes dentro dos diferentes partidos angolanos.Toda a história é acompanhada por Yaka, a estátua que acompanha toda a história da família e que no fim é entendida na sua mensagem pelo último dos membros da família. (Fonte: citi.pt)
Lueji
Uma estória de mujimbos… com Lueji, a rainha responsável pela proliferação de um império que mais tarde se veio a chamar Angola; Tchinguri, o irmão déspota que afinal não é tão mau quanto isso; Kandala, o feiticeiro que lê no ngombo mágico o futuro e a vontade dos espíritos soberanos; os Tubungo, nobres ancestrais e conselheiros da rainha; Lu, a bailarina dos tempos modernos que recria num espectáculo de dança a história dos seus antepassados; Uli, o bailarino amigo da bailarina… e, haka, não me lembro de mais nomes… mas é um rol de personagens que vale bem a pena conhecer. (Fonte: palavrasditas.wordpress.com)
Geração da Utopia
Lançado em 1992 este livro mistura fatos históricos e ficção para narrar a trajetória de um grupo de jovens que deixa Angola para estudar em Lisboa na década de 1960. A explosão da guerra civil angolana transforma radicalmente a vida desses estudantes, marcados como a primeira geração deste conflito. Narrado com a minúcia de quem viveu essa realidade de perto: o autor participou como guerrilheiro da campanha de libertação nacional de seu país.(Fonte: Livraria Europa)
O Desejo de Kianda
"Eu tenho esperança nas pessoas. Nos sistemas não, mas nas pessoas sim. As pessoas são solidárias...É o que resta no fim. Eu acho que a obra aponta ainda um caminho a seguir, apela a uma nova revolução, embora agora em termos diferentes." (Pepetela)
Parábola do Cágado Velho
Na Parábola do Cágado Velho temos a guerra em Angola vista pelos olhos do camponês.
O livro traz-nos todas as culturas misturadas, sem qualquer preocupação de enquadramento histórico ou geográfico. A obra faz muito recurso a partes das culturas africanas. Todas misturadas."Está tudo subvertido naquele livro, até a geografia...de propósito. É um microcosmo que representa o país." - feito por Pepetela este retrato de Angola, talvez na intenção de retratar uma identidade e de frisar que as misturas culturais angolanas não se fazem só nas regiões urbanas.
A Parábola do Cágado Velho : uma estória, como um grande rio onde outras estórias se misturam e se resolvem. (Fonte: citi.pt)
A Gloriosa Família
A história da família Van Dum, formada por Baltazar, um holandês, sua esposa africana e vários filhos, durante a ocupação holandesa de Angola no século XVII. O pai tenta manter boas relações tanto com os holandeses, chamados "flamengos", quanto com os portugueses, pois havia incorporado valores lusitanos, como a religião católica. Misturam-se elementos fictícios e factos históricos.
A Montanha da Água Lilás
"O avô Bento, em noites de cacimbo à volta da fogueira, nos contou, fumando o seu cachimbo que ele próprio esculpiu em pau especial. Dizia a estória se passou aqui mesmo, nas serras ao lado, mas pode ser que fosse trazida de qualquer parte de África. Até mesmo do Oriente, onde dizem também há água lilás. Se virmos bem, em muitos lados pode ter uma montanha semelhante. Eu só escrevi aquilo que o avô nos contou, não inventei nada." (Pepetela)
Jaime Bunda, Agente Secreto
"A moça se despediu da amiga e avançou para a avenida. Ainda conservava nos lábios o sorriso da despedida, quando parou bruscamente, assustada com o automóvel preto. O carro também estacou de súbito. O condutor viu o sorriso desaparecer dos lábios dela. Mediu num relance o tamanho dos seios pontudos, querendo furar o vestido muito curto. Esperou gentilmente que se refizesse do susto e continuasse a travessia. Ela hesitou, mas depois agradeceu com um vago sorriso para os vidros escuros e correu à frente do carro, mostrando o corpo meio de menina meio de mulher, moldado pelo vestido justo. Uma gazela, uma cabra de rabo de leque, pensou o motorista, sentindo compulsivos apetites de caçador. Arrancou com o carro e seguiu até ao fundo da Ilha."
(Fonte: criticaliteraria.com)
Jaime Bunda e a Morte do Americano
"Então não havia o Afeganistão, a Somália, o Irão ou a Colômbia, países ideais para um americano morrer de morte matada, sem levantar muitas comoções nem pasmos, pois eram territórios já habituados a serem tratados de promotores e antros de horripilantes antiamericanismos ? Aí tanto fazia, mais um menos um, não provocava qualquer crise mundial. Porque iria logo escolher a pacífica Benguela, onde, de memória de gente, nunca nenhum americano tinha morrido, nem mesmo quando os ianques andaram a apoiar, abertamente ou de caxexe, os famigerados terroristas, linguagem oficial de um dos lados, lídimos e heróicos defensores da democracia no dizer do outro lado? Mas foi isso que aconteceu, o engenheiro gringo bateu subitamente a caçoleta na pachorrenta cidade das acácias rubras, para grande tristeza e preocupação dos governantes, locais e nacionais, e perante a indiferença da maioria da população, ocupada na legítima e cada vez mais problemática azáfama de sobreviver." (Fonte: Criticaliteraria.com)
Predadores
Mediante a ascensão de um homem de origem humilde, Vladimiro Caposso, que se serve da estrutura partidária e do aparelho de Estado para se transformar num poderoso empresário, 'Predadores' desenha um retrato irónico, freqüentemente cáustico, da actual sociedade angolana. A linguagem é simples e direta, o enredo preciso, segurando o leitor da primeira à última página. Com este romance Pepetela fecha, de certa forma, um ciclo de desencanto com a forma como evoluiu o regime angolano desde 1975. (Fonte: Travessa.com)
O Terrorista de Berkeley, Califórnia
"ele gostava de ficar sentado algum tempo, encostado a um tronco, olhando a enorme baía em toda a sua extensão e pensando na vida. Por vezes conversava com um esquilo mais atrevido que vinha lhe pedir comida, entrevistava bandos de codornizes, cada vez mais raras, é preciso que se diga, ou até descobria alguma esquiva corça. E entendia naquela paz, com o barulho dos carros e das cidades muito lá ao longe, o contraste profundo da sua terra representado pela visão de abertura e progressista da ponte Golden Gate ao fundo e a visão da terrífica prisão de Alcatraz no rochedo isolado do meio da baía, de onde só uma vez tinham escapado dois ou três presos, tão monstruosamente concebida fora. A Golden Gate e Alcatraz tinham sido realizados pelo mesmo povo, o seu." (Fonte: Criticaliteraria.com)
O Quase Fim do Mundo
Lançado em 2008. "E se a vida animal de repente desaparecesse da Terra, excepto num pequeno recanto do mundo e em doses mínimas? Talvez as causas se conheçam depois, mas o que importa é a existência de alguns seres, aturdidos pelo desaparecimento de tantos, e procurando sobreviver. É sobre estes sobreviventes e as suas reacções, desejos, frustrações mas também pequenas/grandes vitórias que trata este romance. Detalhe importante: o recanto do mundo que escapou à hecatombe situa-se numa desgraçada zona da desgraçada África, o que permitirá questionar as relações contemporâneas no Velho Mundo."(Fonte: pepetela.blogs.sapo.pt)
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