José João Craveirinha nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo) em 28 de 1922. Acesso a falar de si, Craverinha fez um curto depoimento autobiográfico em 1977, no qual diz:
“Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.
Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato...
A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros.
Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.
E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique.
A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe preta.
Nasci ainda outra vez no jornal O Brado Africano. No mesmo em que também nasceram Rui de Noronha e Noémia de Sousa.
Muito desporto marcou-me o corpo e o espírito. Esforço, competição, vitória e derrota, sacrifício até à exaustão. Temperado por tudo isso.
Talvez por causa do meu pai, mais agnóstico do que ateu. Talvez por causa do meu pai, encontrando no Amor a sublimação de tudo. Mesmo da Pátria. Ou antes: principalmente da Pátria. Por parte de minha mãe, só resignação.
Uma luta incessante comigo próprio. Autodidacta.
Minha grande aventura: ser pai. Depois, eu casado. Mas casado quando quis. E como quis.
Escrever poemas, o meu refúgio, o meu País também. Uma necessidade angustiosa e urgente de ser cidadão desse País, muitas vezes, altas horas a noite.”
Autodidata, poeta e contista, Craveirinha adota o jornalismo como profissão e passa a escrever para o primeiro jornal moçambicano dirigido por negros e com editorial nativista – O Brado Africano. Contribui, mais tarde, com contos, ensaios e artigos para muitos outros jornais do país.
Com a abundante colaboração na imprensa, sua obra tornou-se conhecida e comentada nos círculos literários, até que o reconhecimento veio em 1922, ano em que recebeu o Prêmio Camões de Literatura.
Craverinha é considerado o maior poeta de língua portuguesa na África. Na sua obra destacam-se os livros de poemas Chigubo, Karingana ua Karingana, Maria.
*Leia aqui poesias de José Craveirinha.
Acompanhe este Tópico:
Escritores da Língua Portuguesa - Unificação
José Craveirinha... O Poeta Africano
José Eduardo Agualusa – Escritores da Língua Portuguesa - Angola
José Agualusa - Crônicas
Mia Couto - Escritores da Língua Portuguesa - Moçambique
Poesia de Mia Couto
Contos de Mia Couto
José Craveirinha recebeu o prêmio Camões em literatura em 1991
ResponderExcluir