Quintana Morada

poesia de Angela Mendez




Pouco
Contento da cidade amada
És tão grande e tão diversificada
Que não encontro em ti
Uma só Quintana morada.

Olho
O mapa da cidade e sinto a dor infinita
Das ruas de Porto Alegre que eu já passei.
Sinto a dor das esquinas esquisitas
E das sonhadas ruas encantadas
Que quem sabe um dia reencontrarei.


Repousa
Alegre e triste cidade, hoje, de fria anatomia.
Não sinto mais no teu ar o mistério de teu olhar,
Vejo em tuas paredes as nuanças
De gente que picha esperança,
E mesmo grande,
Não consegues amparar.

Teu
Corpo, alegre de terno irresistível
Te vejo nua triste nas marquises...
Um pouco de nada, invisível.
Ruas esquecidas da capital metropolitana
Brilha ....sempre....
Porque Quintana te pôs soberana.

Olho
O mapa da cidade!
Que linda a tua arquitetura
Triste a tua realidade dura
Não podes mais cuidar de tuas moças bonitas...
Não podes mais assegurar tuas esquinas esquisitas...


Anatomia
Gelada de afamada grandeza,
Cidade Alegre pela Antiga beleza
Como se fosse meu corpo


Levada
No vento gelado da tua fria madrugada
Me sinto também um pouco de nada...
Cidade contraditória, frígida, encantada.

Esquisita
Cidade dos casais sorridente
Cidade orgulhosa de um sol poente
De árvores, parques, concreto e asfalto
De palco, teatro, cultura e [assaltos]

Guarda
Contigo o meu olhar
Ruas que por hora não voltarei
E espera-me rua encantada
que em sonho, como Mário, sonhei

Ruas
Que guardam o sonho do poeta
Cidade de suave mistério, quase amoroso
Cidade [também] de meu longo e aflito
Andar, de meu antiquado estar

E
Talvez de meu [também] repouso...

Poesia em homenagem ao centenário
de nascimento do poeta gaúcho Mário Quintana, comemorado no ano de 2006.

---

Arquivo Cultura de Travesseiro: textos Angela Mendez.

Franco Lusitano
Brincadeira de Criança
O Colorido Muro Azul de Céu
Cigano Destino

---