Poema Franco Lusitano

por Angela Oliveira










Franco Lusitano

Os antepassados invoco agora
para ilustrar a minha história.
Ao de lusíadas peço perdão,
à homérica ousadia,
por cantar minha tradição
sem tamanha mestria.


Natural da ilha açoriana
pertencente à gente lusitana
o primeiro não se tem certeza
a começar esta família brasileira
Loureiro, de origem portuguesa.


Dafne, nascida da Terra e de Peneu,
em loureiro se transformou
para fugir de Apolo que à perseguia.
Então, de helena árvore se originou
o nome da família que me guia.


Terras de sesmaria, no sul. Na fronteira
São Francisco de Borja abrigou
a recém chegada gente estrangeira.
Augusto dos Santo Loureiro,
já brasileiro nascido,
Quintilha Goulart conheceu
e na primeira redução jesuítica
a família Goulart Loureiro cresceu.


Douze filhos trouxeram ao mundo;
como os Doze foi de Cristo.
novos homens, nova luz...
cada qual com sua sina
cada qual com sua cruz.


Nomear a dozena não é coisa pequena.
Dos tios avós fico com Romeu
este foi meu amado avô
o único que Deus me concedeu.
Amado e calado avô Romeu...


O destino, se sabe, ninguém governa
e quem comanda é a fatal roda,
então, de outra parte minha profiro agora...
Igual a todos os viventes
não só de um povo sou descendente.


Minha elucidada genealogia
vem agora do Franco país.
Proclamo ao Magno Rei
a vossa permissão
para falar dessa nobre
e iluminada nação.


Jean Pièrre, foi o Mousquer
que da França, aqui veio viver.
Terras de sesmaria, no sul.
Santo Ângelo Custódio,
agora, foi que abrigou
o Gálio que aqui chegou.


Os primos Mousquer certo dia se casaram
e na sétima redução Jesuítica,
Pantaleão e Zelinda Mousquer,
a franca família continuaram.


Três filhos os parentes tiveram.
Gentil, Francisca e Dorli
foram as graças que lhe deram.
Igualada a lusa e a cristã dezena
a trindade também é Nazarena.
Como três são as Marias de Jesus,
cada qual com sua sina
cada qual com sua cruz.


Concluo, dos avós segundo,
essa minha narrativa.
À Febo do Olímpo consagrado
solicito, ainda, inspiração.
Às de Hipocrene sublime rima peço
e do Parnaso rogo o sonoro verso.


Para prosseguir
me despeço, por ora, de Luís
até aqui meu companheiro
o povo lusitano agora é brasileiro.
Adeus, também, francesa D'arc
dos heróis a heroína bruxa,
a gente dela antes, agora é gaúcha.


Aclamamos pra este entrevero
a licença do Bento farrapo
mas é para a brava Anita,
a quem não ouso fazer desfeita,
que peço licença para segmentar,
então, a já começada feita.


Certa vez Romeu,
filho um das doze crias,
milico foi para Santo Ângelo
pra décima quarta cavalaria.
Com seu lunar o rei acompanha
o encontro predestinado
e Romeu por Francisca
se vê enamorado.


Feito o matrimônio
os filhos ao mundo vieram.
Adroaldo, Glaci e Roaldo
foram os nomes que lhes deram.
Também trinca Nazarena, como
três às vezes que Pedro negou Jesus,
cada qual com sua sina
cada qual com sua cruz.


Termino dos avós primeiros,
ainda , essa minha narrativa
E sigo tecendo a genealogia.
Com as graças de Zeus,
Deus pai de toda mitologia.


Sou filha de Glaci
como Ana Terra esta tem muita valentia
quatro filhos Glaci criou sozinha
traçando o mundo sem morada certa.
Crias de pai castelhano,
assim nos criamos e
graças a ela e a meus avós
é que hoje aqui estamos.


Encerro a minha narração
Com o quarteto a que pertenço.
E o quarteto também é cristão.
Como os quatro evangelistas de Jesus
Cada qual com sua sina
Cada qual com sua luz.

Ângela Mendez, outono de 2006.


________________________________________
Arquivos Cultura de Travesseiro : Textos de Ângela Mendez

O Colorido Muro Azul de Céu
Franco Lusitano
Brincadeira de Criança
Quintana Morada
Cigano Destino
Vou Ar
Cozinha...Sozinha

Comentários

  1. Angela, que revelação!
    Estou adorando ler seus poemas.Eles são muito bem feitos e gostosos de acompanhar. A leitura flui, as rimas surgem certinhas, na medida.
    Os que falam de criança tem um "que" de maroto.
    O Franco Lusitano, forte na sua cadência, tem qualquer coisa jornalística do cordel. Lindíssimo!
    Os arquivos são todos muito bom. Selecionas bem, hem!
    Querida Ângela, continue postando-os. Vou acompanhar teu blog com muito prazer.

    abraço da “tia” Zélce

    ResponderExcluir
  2. gostei muito deler seus poemas são ricos em conteúdo e de linguagem fácil, gostei o envolvimento de personagens históricos nos seus textos. muito bom

    ResponderExcluir

Postar um comentário

PARTICIPE! COMENTE ESTE POST...