POEMA DA DESPEDIDA
[Mia Couto]
Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.
SER,PARECER
[Mia Couto]
Entre o desejo de ser
e o receio de parecer
o tormento da hora cindida
Na desordem do sangue
a aventura de sermos nós
restitui-nos ao ser
que fazemos de conta que somos.
PARA TI
[Mia Couto]
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.
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Acompanhe este Tópico:
Escritores da Língua Portuguesa - Unificação
Mia Couto - Escritores da Língua Portuguesa - Moçambique
Contos de Mia Couto
José Craveirinha - Escritores da Língua Portuguesa -
Moçambique
José Craveirinha... O Poeta Africano
José Eduardo Agualusa – Escritores da Língua Portuguesa - Angola
José Agualusa - Crônicas
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[Mia Couto]
Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.
SER,PARECER
[Mia Couto]
Entre o desejo de ser
e o receio de parecer
o tormento da hora cindida
Na desordem do sangue
a aventura de sermos nós
restitui-nos ao ser
que fazemos de conta que somos.
PARA TI
[Mia Couto]
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.
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José Agualusa - Crônicas
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Mia é fantástico... Tem a sensibilidade do homem da terra... e consegue transmitir, através de seus romances, poemas e contos, o grito, os gemidos do povo e da sua terra-mãe...
ResponderExcluirMIA É DONO DE UMA GRANDE SENSIILIDADE.ADORO TUDO QUE ELE ESCREVE.
ResponderExcluirOs seus poemas vão direto ao coração!!!
ResponderExcluirHomem de alma feminina....este cara nos disseca por dentro com carinho e sensibilidade ....suas palavras ultrapassam os limites do imaginário
ResponderExcluirMetam-me aqui a análise do poema sf :)
ResponderExcluirMia, doce Mia...
ResponderExcluir
ResponderExcluirUm dos poetas que muito gosto de ler, seus poemas são de uma sensibilidade que nos transporta em espírito até as savanas de sua terra...
Simplesmente magnifico!
ResponderExcluir.