Malba Tahan - O Árabe Brasileiro




Júlio César de Mello e Souza nasceu em 6 de maio de 1895, no Rio de Janeiro,  e celebrizou-se como Malba Tahan. Foi um caso raro de professor que ficou quase tão famoso quanto um craque do futebol. Em classe, Malba Tahan lembrava um ator empenhado em cativar a platéia que, apesar da disciplina pouco popular, a Matemática, admirava e aplaudia a aula do escritor matemático que criou uma didática própria e divertida, até hoje viva e respeitada.

Malba Tahan, o gênio da Matemática, foi um desastre completo nos números quando era o aluno Júlio César de Mello e Souza, do Colégio Pedro II, no Rio. Nessa época, seu boletim registrou em vermelho uma nota dois, em uma sabatina de Álgebra, e raspou no cinco, em uma prova de Aritmética.

Qual seria a causa de um desempenho tão fraco para alguém que viria a se apaixonar pela Matemática? Com certeza, Júlio César não gostava da didática da época, que se resumia a cansativas exposições orais. Mal-humorado, classificou-a mais tarde como O "detestável método da salivação".

Nas palestras que dava - foram mais de 2000 ao longo da sua vida , nas aulas para normalistas ou nos livros que escreveu, Júlio César defendia o uso dos jogos nas aulas de Matemática. Enquanto os outros professores usavam apenas o quadro-negro e a linguagem oral, ele recorria à criatividade, ao estudo dirigido e à manipulação de objetos. Suas aulas eram movimentadas e divertidas. Defendia a instalação de laboratórios de Matemática em todas as escolas.

"Ele estava muito além de seu tempo", afirma o respeitado matemático e professor paulista Antônio José Lopes Bigode, autoridade em Malba Tahan. "O resgate da sua didática pode revolucionar o ensino", acredita. "Ainda hoje, o ensino tradicional da Matemática é responsável por metade das repetências."
Em sala de aula, Júlio César não dava zeros, nem reprovava. "Por que dar zero, se há tantos números?", dizia. "Dar zero é uma tolice:" O professor encarregava os melhores da turma de ajudar os mais fracos. "Em junho, julho, estavam todos na média", garantiu no depoimento ao Museu da Imagem e do Som.

"Hoje, as atividades lúdicas são muito valorizadas, mas naquela época eram vistas como uma heresia", observa o professor de Matemática Sérgio Lorenzato, de 58 anos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Lorenzato, que foi aluno de Júlio César, guarda como uma relíquia o caderno que usou para anotar as aulas. "Ele dizia que o caderno tinha de refletir a vida do aluno", lembra Lorenzato. "E estimulava que colássemos em suas folhas gravuras, recortes de revistas e jornais e até provas já corrigidas."

Carismático, Júlio César encantava os alunos. Mas nem todos se sentiam à vontade com a sua informalidade. "Os tradicionalistas eram absolutamente contrários a Malba Tahan e ao seu interesse pelo cotidiano da Matemática", explica o editor de livros didáticos da editora Scipione, Valdemar Vello.

Júlio César foi professor de História, Geografia e Física até dedicar-se à Matemática. Sua fama como pedagogo se espalhou e ele era convidado para palestras em todo o país. A última foi em Recife, no dia 18 de junho de 1974, quando falou para normalistas sobre a arte de contar histórias. De volta ao hotel, sentiu-se mal e morreu, provavelmente de enfarte.

Júlio César deixou instruções para seu enterro. Não queria que adotassem luto em sua homenagem. Citando o compositor Noel Rosa, explicou o porquê: "Roupa preta é vaidade/ para quem se veste a rigor/ o meu luto é a saudade/ e a saudade não tem cor".(Bibliografia: Revista Nova Escola - Set. 1995, por Luiza Villamea)


BIOGRAFIA DE MALBA TAHAN

Ao criar seu pseudônimo, Júlio César criou também um personagem: Malba Tahan. Este escritor, cujo nome completo seria Ali Yezid Izz-Eddin Ibn Salim Hank Malba Tahan, teria nascido na aldeia de Muzalit, próximo a Meca, a 6 de maio de 1885. Teria feito seus estudos no Cairo (Egito) e Istambul (Turquia). Após a morte de seu pai, teria recebido vultosa herança e viajado pela China, Japão, Rússia e Índia, onde teria observado e aprendido os costumes e lendas desses povos. Teria estado, por um tempo, vivendo no Brasil. Teria morrido em batalha em 1921 na Arábia Central, lutando pela liberdade de uma minoria local. Seus livros teriam sido escritos originalmente em árabe e traduzidos para o português pelo também fictício Professor Breno Alencar Bianco.

A melhor prova de que Malba Tahan foi um magnífico criador de enredos é a própria biografia de Malba Tahan. Na verdade, esse personagem das areias do deserto nunca existiu. Foi inventando por outro Malba Tahan, que de certo modo também não existiu efetivamente: tratava-se apenas do nome de fantasia, o pseudônimo, sob o qual assinava suas obras o genial professor, educador, pedagogo, escritor e conferencista brasileiro Júlio César de Mello e Souza. Na vida real, Júlio nunca viu uma caravana atravessar um deserto. As areias mais quentes que pisou foram as das praias do Rio de Janeiro, onde nasceu em 6 de maio de 1895. Júlio César era assim, um tipo possuído por incontrolável imaginação. Precisava apenas inventar um pseudônimo, mas aproveitava a ocasião e criava um personagem inteiro.

Mudança de Identidade

Malba Tahan, em árabe, quer dizer o "Moleiro de Malba". Malba é um oásis e Tahan, o sobrenome de uma aluna, Maria Zechsuk Tahan. Por deferência do presidente Getúlio Vargas, o professor pode usar o pseudônimo na carteira de identidade. Ele gostava de vistar os trabalhos escolares carimbando o "Malba Tahan" escrito em caracteres árabes


BIBLIOGRAFIA MALBA TAHAN

Júlio César escreveu ao longo de sua vida cerca de 120 livros de matemática recreativa, didática da matemática, história da matemática e ficção infanto-juvenil, tendo publicado com seu nome verdadeiro ou sob pseudônimo. Abaixo, uma lista de seus títulos mais relevantes:


Contos de Malba Tahan - contos
Amor de Beduíno - contos
Lendas do Deserto - contos
Lendas do Oásis - contos
Lendas do Céu e da Terra - contos
Maktub! - contos
Minha Vida Querida - contos(Livro em pdf aqui)
O Homem que Calculava - romance (Livro em pdf aqui)
Matemática Divertida e Delirante (Livro em pdf aqui)
A Arte de Ler e Contar Histórias - educação
Aventuras do Rei Baribê - romance
A Sombra do Arco-Íris - romance
A Caixa do Futuro - romance
O Céu de Allah - contos
Lendas do Povo de Deus - contos
A Estrêla dos Reis Magos - contos
Mil Histórias Sem Fim - contos
Matemática Divertida e Curiosa - recreação
Novas Lendas Orientais - contos (Livro em pdf aqui)
Salim, o Mágico - romance
Diabruras da Matemática - recreação




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Comentários

  1. Tive um professor(Ubirajara - Escola Técnica Parobé) que era fascinado pela didática dele, penso que devo ter apreendido bem matemática devido ao fato dessa bela maneira de ensinar. Gostaria de ter tido um professor assim para o português,arrasto corrente até hoje. Não sabia tanto dele assim. Obrigada.

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  2. Acredito que muito da matemática ensinada hoje é obra de Malba Tahan... Quanto ao português, mesmo eu chego a acreditar muitas vezes que a matemática é mais fácil, pois tem lógica...rsrsrsrs.
    Abraços.

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  3. Gostei de saber mais sobre o genial autor de "O Homem que Calculava" Parabéns!

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  4. Excelente! Lendas do céu e da terra, por exemplo, é uma obra prima considerada por mim um livro de cabeceira. Infelizmente hoje em dia, os meios de comunicação estão tirando um pouco da magia do mundo da leitura de bons livros. A valorização e o reconhecimento de bons autores estão sendo esquecidos por muitos jovens, que saem do ensino médio sem saber interpretar o que lêem e expor sua idéias por falta do hábito da leitura. Parabéns Angela!

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  5. É dificil o livro competir com a tv, internet e tantos outros atrativos modernos, mesmo que, muitas vezes, um bom livro proporcione prazeres imortais.
    Talvez a retomada do bom hábito da leitura dependa também um pouco de nós. Podemos dar nossa contribuição incentivando a leitura entre os nossos (filhos, sobrinhos, amigos...)e dando o bom exemplo.
    Obrigada pela gratificante e interessante participação. Espero contar com seus comentários em outras postagens.
    Um grande abraço e obrigada pela visita!

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  6. Sempre fui uma "comedora de livros" e foi me pai quem me iniciou na leitura das obras de Malba Tahan. Sempre que podia, lia para nós os livros deste fabuloso autor e contava suas peripécias, que conhece de cor. Hoje, sou fascinada por tudo que diga respeito a ele e sua história, que pouca gente conhece. Não sabem o que estão perdendo. Divulgo onde chego e sempre que posso, hoje repito com meus filhos o que meu pai fez comigo.

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  7. Prezados Senhores:
    Gostei da biografia e dos comentários...
    Sou um grande admirador de MALBA TAHAN: aquele estilo leve, solto, bonito, agradável, cheio de criatividade e de lances maravilhosos e aleges, fazendo brotar a didática a cada momento e enriquecendo nossa vida intelectual, cultural, educacional e filosófica... Uma pena quase não se falar hoje sobre ele...Salvador, Bahia, 08.12.2009. Adão de Assunção Duarte, Professor no Curso de Direito da UCSal.

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  8. Que delícia. Também fui normalista fscinada por Malba Than. Beijocas . Elisabeth

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  9. Estou fazendo um seminário junto com um colega sobre a vida e a arte de Julio César de mello; Estou facinada com o tema, cada vez que vejo tem mais coisas interessantes. Estou amando fazer esse seminário. Pra mim Ele é o Kara! Pena não termos outro igual em nossa geração.

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